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Por que o Brasil não é um exemplo de combate à Covid-19 no mundo?

  • Foto do escritor: Lanume Weiss
    Lanume Weiss
  • 6 de fev. de 2021
  • 4 min de leitura

Cinco meses após a Organização Mundial da Saúde declarar estado de pandemia do novo Coronavírus, Jair Bolsonaro, atual presidente do Brasil, afirmou “não ter visto no mundo” quem enfrentou melhor a pandemia de Covid-19 do que o governo brasileiro. Entretanto, de acordo com o levantamento da consultoria Trespuntozero, oito dos 10 países da América Latina em que o estudo foi realizado, consideraram o Brasil o pior país da região no controle e combate à pandemia.


Para Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, o Brasil também é um mau exemplo no combate à Covid-19. Porém, o EUA lidera o ranking de países com maior número de casos e mortes da doença, seguido pelo Brasil. Ambos registram, respectivamente, 181,6 mil e 120,4 mil mortes confirmadas por Coronavírus - até dia 28 de agosto.


Bolsonaro adotou a estratégia de “imunidade de rebanho”, que consiste em deixar o patógeno se espalhar para que a população adquira imunidade à doença. Entretanto, no país, governos estaduais e municipais decretaram isolamento social, contrariando o presidente do Brasil.

Com cerca de 13,2 milhões de casos confirmados, as Américas registram atualmente o continente com maior infecções por Coronavírus. No entanto, três países demonstram nível de dados baixos comparados regionalmente e globalmente. De acordo com respectivos ministérios da Saúde, na Costa Rica foram registrados 39 mil casos da Covid-19 e 418 mortes; o Paraguai tem 17 mil casos e 308 mortes; e as autoridades do Uruguai registraram pouco mais de mil casos e 44 mortes - sendo este o país apontado como o melhor no combate à pandemia, segundo o levantamento da consultoria Trespuntozero.


O presidente do Brasil continua a minimizar a doença e suas vítimas, adotando uma política de “não fazer nada”. Em um de seus primeiros comentários públicos sobre o Coronavírus, Bolsonaro disse que a imprensa exagerava sobre a gravidade da situação. Dias depois, criticou o fechamento de escolas e comércios e diminuiu a Covid-19 para “gripezinha”. Frases como “E daí? Quer que eu faça o quê?”, “Vamos todos morrer um dia” e “Não sou coveiro” foram ditas pelo presidente durante cobranças as medidas e mortes em meio à pandemia.


Esta não foi a única maneira de rejeitar a situação. Bolsonaro também contraria as orientações da Organização Mundial de Saúde (OMS), provocando aglomerações e deixando de usar máscara ou manter o isolamento social em agendas públicas e em seu dia a dia.


Se antes Bolsonaro já era visto como piada, a liderança proposta por ele neste momento delicado expôs mais ainda a incapacidade que o presidente tem de governar uma nação. Durante a pandemia, o Ministério da Saúde deteve três comandantes diferentes. As demissões partiram de opiniões contrárias da implementação do isolamento social e o uso da cloroquina no tratamento do Coronavírus - os ministros da saúde discordavam das atitudes de Bolsonaro.


O presidente despreza a ciência. Autorizou a produção em massa da Cloroquina, mesmo sem nenhuma comprovação científica de sua eficácia, e incentivou os brasileiros a utilizarem este medicamento. Mas o que difere a medida preventiva de Bolsonaro, com outras impostas por países modelos de combate à pandemia?


Taiwan, entre seus 24 milhões de habitantes, registrou, até final de agosto, apenas sete mortes por Coronavírus. Já a Islândia, apesar de um número menor de habitantes, totalizando 364 mil, registrou dez mortes. A Nova Zelândia, no mês de agosto, completou cem dias sem transmissão de Coronavírus. O país, com 4,8 milhões de habitantes, registrou somente 22 mortes. A Grécia, com uma população de 11 milhões de habitantes, registrou pouco mais de 260 mortes.


No caso de Bangladesh, com 161,4 milhões de habitantes, a situação parece alarmante já que o país abriga um dos maiores campos de refugiados do mundo. Os Médicos Sem Fronteiras estão enfrentando escassez de equipamentos de proteção individual (EPIs), além dos quase um milhão de refugiados vivendo em condições de superlotação e insalubridade, o que torna ambos particularmente vulneráveis à Covid-19. O distanciamento físico neste contexto é quase impossível. Entretanto, o número de mortes em Bangledesh não é tão alto quanto no Brasil, a primeira-ministra Sheikh Hasina conseguiu conter o número de casos, registrando pouco mais de quatro mil mortes por Coronavírus.


Todos estes países modelos adotaram medidas preventivas parecidas: testagem massiva, isolamento rígido e controle de sintomas de doenças. O governo brasileiro seguiu outro viés, aqui não houve decreto para restringir a circulação de pessoas em todo o território nacional, nenhuma campanha de testes em massa, nenhum acordo com governadores e prefeitos, nem reforços do orçamento para área da saúde. Na verdade, Bolsonaro atacou governadores que defendiam essas medidas, acusando-os de mentirosos corruptos.


O pior não passou. O Brasil não é exemplo de combate à Covid-19. Bolsonaro é genocida, irresponsável e insensato. Qual é a maior diferença entre os países com o maior índice de mortes por Coronavírus (EUA e Brasil) e os países que enfrentaram esta pandemia como modelo e hoje apresentam nenhum, ou significativamente quase nada de casos? Não tem no poder líderes egoístas e conservadores.


Política é sobre cuidar de toda uma sociedade, sem exclusão, conversando e expressando opiniões para entender as diversas diferenças de cada grupo e/ou pessoa. Política não é o que Bolsonaro faz.


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JORNALISTA

LANUME WEISS

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